As eleições e as Relações Públicas
“Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão. Esse direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.” (Artigo XIX da Declaração de Direitos Humanos)
Estão ai as eleições. Todo o cidadão brasileiro tem compromisso com a democracia – votar e ser votado. Dê uma olhada no mapa da América do Sul. Tente chegar à conclusão em relação ao número de países nos quais temos a democracia praticada de forma satisfatória. Nos quais impere a liberdade de opinião e expressão. Você vai descobrir que no continente há uma febre de autoritarismo, de tiranismo, do uso da máquina governamental para se perpetuar no poder, auferindo todo o proveito que ele pode oferecer.
Nos países em que se notam mais evidentes a contraposição a democracia, ocorreram tentativas reiteradas de intervencionismo das mais diferentes formas, começando geralmente com pequenas restrições a liberdade, desafio a justiça e as leis, intervenção de governos em veículos de comunicação, ou algum tipo de controle sobre os mesmos, privilégio a grupos de pessoas em detrimento dos demais cidadãos. Isto tudo ocorrendo sem reação do povo e dos poderes responsáveis pela manutenção da legalidade, que deveriam tomar posições drásticas contra tudo que ameace a democracia, a liberdade de expressão.
No caso da atividade de Relações Públicas os desafios e as ofensas a democracia, são desafios e ofensas a própria atividade. A liberdade de pensar, informar e se comunicar sofrendo restrições e limitações interferem na atividade de Relações Públicas. Se desaparecer a democracia as Relações Públicas a seguirão e desaparecerão.
É por essa razão que o Código de Ética do Profissional de Relações Públicas diz: “Art. 28 – Defender a livre manifestação de pensamento, a democratização e a popularização das informações e o aprimoramento de novas técnicas de debates é função obrigatória do profissional de Relações Públicas.”
A liberdade de um povo, definida e delimitada por ações e leis coerentes com a democracia, é um valioso tesouro que o povo descobre e valoriza, só depois de perdê-la.
Certo é que as pessoas que lutam contra a liberdade são aquelas que querem ter a liberdade no sentido contrário ao interesse do povo. Querem impor ao povo as suas vontades da forma que melhor entendam, sem questionamentos e sem restrições do uso do poder. Essas pessoas acreditam que somente elas sabem o que é melhor para um povo, uma nação. Elas acreditam que são todas poderosas, estão acima do bem e do mal. São pessoas mentalmente desajustadas. É desta argamassa que surgem os ditadores. Desrespeitam não só as leis e a liberdade. Desrespeitam as pessoas na sua integridade mental, moral e física. Isto redunda em sofrimentos para o povo, distribuição da pobreza e concentração de riquezas nas mãos de pessoas privilegiadas, que controlam o poder.
Volte novamente o seu olhar para o mapa da América do Sul e veja em quantos países isto está acontecendo, em maior ou menor grau. Coloque sua consciência para pensar e analisar.
O ideal seria que o voto de todo o cidadão tivesse em vista privilegiar o respeito à liberdade e ao fortalecimento da democracia. Junte a isto a confiança necessária nas pessoas escolhidas para conduzirem o estado e a nação e que, queiramos ou não, vão influenciar a vida do povo de alguma forma, para o bem, ou para o mal. Esta confiança deveria visar os interesses maiores da nação e não interesses pessoais.
João Alberto Ianhez
Presidente do CONFERP
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